sexta-feira, 2 de novembro de 2007

1.01 - PILOT


"Subverteu, pois, aquelas cidades, e toda aquela planície, todos os
moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra". GÊNESIS 20: 25

[PRÓLOGO]

A infecção se espalhou rapidamente, em questão de horas, o planeta
já sofria com os efeitos nocivos desse tal vírus. Cidades inteiras foram
destruídas, milhões de pessoas foram mortas, e outras milhões ficaram
feridas. Exércitos foram colocados contra a horda de contaminados , era a
luta de humanos, contra ex-humanos...Foi em vão.
Os vários pedidos de socorro, vindos de todas as nações do mundo,
já não mais podiam ser atendidos, os poucos países que podiam atender a
esse chamado estavam começando a perder o controle.
Era a chegada de uma nova era, uma nova fase que o planeta
estava passando. O fim da era dos humanos, a destruição e calamidade,
causada por eles mesmos. Era o juízo final para a humanidade.

The New York Times 16 de Julho 2007 TERROR EM METRÔ LONDRINO

Na manhã desta segunda-feira, os passageiros do
metrô de Londres foram pegos de surpresa. Um dos
passageiros, Adrian Wachowvisk de 34 anos, ficou
estranhamente raivoso, e começou a atacar todos que
passavam pela entrada de um dos vagões. Várias pessoas
foram mordidas, e arranhadas por ele, até que por fim a
polícia chegou e infelizmente teve que abate-lo, após
este ter atacado dois policiais. A polícia ainda não
divulgou o motivo do ataque.

Los Angeles Time 16 de julho 2007 MAL DA VACA-LOCA ATINGE MORADORES DA BULGÁRIA

Durante a noite de 15 de julho, alguns moradores da
pequena cidade de Vratsa ao leste da Bulgária, ficaram
incontroláveis durante uma reunião da Comissão de
Moradores. Stanislav Kirtch de 19 anos, comenta sobre
o incidente: Estávamos conversando sobre a fazenda de
um de nós, quando três de nossos companheiros começaram
a ter espasmos, caíram no chão e quando fomos ajudalos,
ele começaram a nos morder e arranhar... Meu pai e
meu tio, tiveram que amarra-los até que a ambulância
chegasse . O governo da Bulgária, em nota oficial esta
manhã, divulgou que o incidente é conseqüência do mal
da vaca-loca, e que já esta tomando as medidas
necessárias para a contenção desse problema.

Lê Monde 17 de julho 2007 AVIÃO CAI EM PELO VÔO

Às treze horas da tarde desta terça-feira, o Boeing
477 da American Airlines com destino a Nova York, caiu
em pleno vôo, nos arredores de Paris, sobre algumas
casas do local. Os peritos ainda investigam o ocorrido,
mas tudo leva a crer que erros mecânicos, unido à
imprudência humana por parte dos pilotos, que
insistiram em viajar mesmo com febre, tenham levado ao
acidente fatal para quase trezentas vitimas.
[Veja mais na página 09]

O Estado de São Paulo 14 de Julho 2007 MATO GROSSO EM ALERTA

Estanhos assassinatos, chocam a cidade de Cáceres.
Ao que tudo indica, as vítimas foram mortas com os
pescoços quebrados, e depois o assassino as comeu,
algumas dessas vítimas (crianças) foram comidas vivas.
Cidade em estado de alerta, com toque de recolher às 6
horas da tarde.

Nacional 17 de Julho 2007 ASSASSINO CANIBAL MIGRA PARA CAMPO GRANDE

Os relatos de pessoas que foram encontradas mortas
ao sul de Campo Grande choca a população, não pelo
crime, mas sim pelo fato de que o assassino as comeu
vivas enquanto estas pediam por socorro no meio da
mata. Polícia investiga.
[Mais na página3]

Daily Tribune 17 de Julho 2007 EPIDEMIA DE RAIVA CHOCA O MUNDO

A pior epidemia, já registrada na história da
humanidade. Cerca de vinte e cinco paises já decretaram
estado de alerta, e doze decretaram ontem calamidade
pública. A epidemia de uma doença viral, que ao que
tudo indica deva ser raiva, ou o mal da vaca-loca, vêm
atingido milhares de pessoas ao redor do mundo.
[Mais na pág. 4]
Wall Street Journal 18 de julho 2007 GRÉCIA PEDE AJUDA AS NAÇÕES UNIDAS

Ontem em conferência às pressas, realizada na
cidade de Varsóvia, o primeiro ministro da Grécia,
decretou calamidade publica, referente à estranha
epidemia de raiva. Pessoas insanas saem as ruas e
atacam tudo e todos que vêem pela frente, mais de duas
mil pessoas foram feridas e quase setecentas foram
mortas.

The New York Times 19 julho 2007 MUNDO EM PERIGO

A horda dos estranhos contaminados ataca cidades
ao redor do globo. A incomum doença, que parece
reanimar os mortos e feridos, já assolou cidades
inteiras, inclusive Chicago aqui nos EUA. Exércitos
foram colocados nas estradas das cidades, e alguns
campos de refugiados foram montados ao sul do pais,
onde tudo ainda parece controlado.
[Reportagem completa na pág.8]

Chicago News 20 de julho 2007 (lançado em apenas duas páginas) SOBREVIVENTES

A todos que ainda não conseguiram chegar ao campo
de refugiados. O Exército acaba de divulgar a pouco,
para a imprensa que ainda insiste em existir, que, caso
você ou algum familiar seu ainda não tenha conseguido
sair de casa e rumar para o campo de refugiados, deva
ligar imediatamente para n° 555-7114 e informar sua
localização, tropas armadas deverão ir resgata-lo. Está
é a primeira vez na história, que este jornal será
distribuído gratuitamente. Após esta data, o Chicago
News estará oficialmente fechado.
[Localização dos postos de ajuda e números na página
seguinte]

CNN BREAK 21 DE JULHO 2007 (Programa televisivo)

Nós acabamos de ficar sabendo, que teremos que sair
do ar... Ficaremos no modo de exibição de segurança.
Por favor, se você ainda está e casa ou em outro lugar,
não saia de casa, eu repito, não saia de casa. Não
tente se comunicar com ninguém e permaneça com as
portas e janelas trancadas, ligue para o número de
resgate que está passando em sua tela e aguarde.

19 de JULHO








LOS ANGELES 3:15 AM



- SOLTE ISSO! - gritou Albert para a mulher a sua frente.
Ela não aparentava ter mais do que trinta anos, e estava segurando
um pedaço de carne crua na mão esquerda. A visão que ele tinha, não era
das melhores. À frente dele, além da mulher, havia um homem que
aparentava ter pouco mais do que uns quarenta anos de idade, cabelos
grisalhos e dentes amarelados, rugia e grunhia se sacudindo na cadeira
onde permanecia amarrado. Seus braços estavam com uma coloração
estranha, e na altura do pulso a pele estava tão apertada por cordas, que a
pele chegava a ficar branca.
- O que você está fazendo?- perguntou Albert ainda mantendo a
arma apontada para a mulher.
- Por favor- disse ela ansiosa ele é meu marido.
- Eu disse, o que você está fazendo?
- Eu... só estava, o alimentando.
- ALBERT! gritou Carlos entrando pela porta o que é isso?
Carlos caminhou com cuidado em direção ao amigo, empunhando
sua arma, olhou confuso e com medo, da mulher a sua frente até o homem
descontrolado amarrado à cadeira.
- Você estava dando comida a ele? perguntou Albert olhando
enojado para o pedaço de carne crua no chão.
- Sim... Ele só come isso agora... Essa maldita doença!
- Senhora- interrompeu Carlos-você deve levar esse homem ao
hospital, ele está doente...
- Eu sei disso... Vocês não sabem de nada não é? Eles não trazem
os feridos de volta se levarmos eles ao hospital... Essa doença,
essa raiva, parece não ter cura.
- Como assim não possui cura?
- Não tem... Eles simplesmente ficam sentado lá... Na maca, até
finalmente morrer...
- Como você sabe disso, senhora?- perguntou Albert.
Duas finas lágrimas caíram pelo rosto da mulher.
- Minha mãe também ficou doente...
Eles permaneceram em silêncio por um tempo, silêncio que só era
interrompido pelos grunhidos do homem na cadeira, que se debatia cada
vez mais. Carlos guardou a arma no coldre novamente.
- Senhora temos que...
Tudo aconteceu muito rápido.
O homem na cadeira se soltou repentinamente, libertando um dos
braços, e imediatamente agarrou o braço de sua esposa, puxando-a para
mais perto. Ela gritou, seus dentes amarelados foram enterrados em sua
pele, e o sangue jorrou pelos lábios do homem raivoso.
- SENHORA!- gritou Albert.
Ele não podia fazer nada, a não ser apertar o gatilho. Mirou com
cuidado, e então atirou. A cabeça do homem pendeu para o lado, com um
pedaço de carne ainda solto em seus lábios, o sangue caindo em gotas de
sua boca até o chão.
- Ele me mordeu... gemia a mulher no chão.
- Calma, iremos chamar um médico disse Carlos ajoelhando-se
ao lado da mulher e segurando o ferimento precisamos estancar
o sangue primeiro.
Albert guardou a arma e ajoelhou-se ao lado de Carlos.
- Albert, vá até a viatura e chame uma ambulância...
- Noite agitada comentou Carlos trancando a porta da viatura.
- O que será essa droga de doença?
- Não sei... Os jornais não param de falar que tem algo a ver com
as vacas.
Eles subiram as escadas do estacionamento, até chegar o escritório
policial. Guardaram suas coisas no armário, e então rumaram para a
saída.
- Você vai preencher o relatório hoje disse Albert é a sua vez..
- Ah não, cara... Hoje não, a Alice está me esperando...
- Não quero saber... Já fiz duas vezes disse Albert colocando seu
casaco e abrindo a porta da estação policial, o vento frio bateu em
seu rosto até amanhã, cara.
O sol estava nascendo, quando ele finalmente estacionou seu carro
na garagem de sua casa. Sentindo suas pálpebras pesadas, ele mal teve
tempo de tomar um banho, jogou-se na cama de roupa e adormeceu.
A ele pareceu que haviam passado apenas alguns minutos, as
batidas na porta o acordaram. Ele olhou no rádio-relógio e percebeu que
havia dormido por quase cinco horas, já passava da uma da tarde e a luz
do sol inundava todo o quarto.
Albert se levantou e sem vontade caminhou até a porta da sala,
enxugando os olhos. Mal a porta foi aberta, e uma garota pulou para
dentro, seus belos olhos verdes jorrando lágrimas, seus cabelos loiros que
antes eram bem cuidados, agora estavam molhados de suor.
- Albert -disse ela aos prantos.
- O que houve, Amanda disse ele consolando-a.
- É o Doug... Ele ficou louco, igual a todos nessa rua- disse ela se
sentando no sofá, pondo as mãos no rosto.
- Como assim?
- Ele ficou louco... Acho que é aquela doença que andam falando
na TV, ele atacou... A... Mamãe -disse ela por fim, pondo-se a
chorar compulsivamente.
- O que foi que ele fez?
- Por favor disse ela levantando-se comum pulo me ajuda! Eu e
a mamãe nos trancamos no quarto, ele bateu e mordeu ela várias
vezes... Nós nos trancamos no quarto... Eu pulei a janela e vim
até aqui... A rua está um caos...
- Espere -disse Albert caminhando até a janela e afastando as
cortinas.
Em alguns pontos distantes ele pode distinguir algo parecido com
fumaça, ao longe se podia ouvir o som de gritos e buzinas. Ele fixou o
olhar na janela da vizinha da frente, e a viu gritando com o marido, que
parecia bater em algo com um taco de beisebol. Do outro lado da rua, uma
mulher fugia de um homem descontrolado, enquanto um carro sujo de
sangue passava correndo pela rua, sem nem ao menos desviar de um
cachorro que ali estava parado.
- Espere aqui- disse ele correndo até seu quarto.
Segundos depois ele estava de volta, carregando consigo uma
pistola.
- Vamos!
- Mas e a mamãe e o Doug?
- Estamos indo lá.
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PROPAGANDA
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A porta se abriu com um ruído metálico. Atrás dele, Amanda
comprimia sua camisa, tremendo.
- Aonde fica o quarto?
- Lá encima, no fim do corredor...
- DOUG!- gritou ele subindo as escadas com cuidado, a arma
empunhada- DOUG!
Eles chegaram ao patamar, o corredor se abria diante deles, em uma
das paredes uma grande e grossa mancha de sangue borrava o branco do
papel de parede.
No fim do corredor, Doug encontrava encostado na porta, de costas.
Sua camisa amarela manchada de sangue e suor, suas mãos arranhavam
a porta com força.
- Doug! chamou Albert.
Doug se virou.
Ao que tudo indicava, para Albert, aquele não era mais Doug e sim
outra coisa. O brilho comum de um adolescente animado e gentil havia
sumido de seus olhos, a íris havia assumido uma coloração esverdeada,
sua pele estava amarelada e suja de sangue, seus dentes possuíam uma
coloração avermelhada e suas gengivas estavam brancas assim como sua
língua. Ele se movia como um animal, não de modo gracioso, mas de um
modo quase mecânico. Seu rosto mostrava uma raiva tão profunda, que
fez os cabelos da nuca de Albert se arrepiarem, Amanda apertou sua
camisa com mais força.
- Doug... -disse ele reunindo forças para conseguir manter a calma
-saia dai... Deixe sua mãe em paz.
O garoto não respondeu, ficou ali estudando Albert com seus olhos
incomuns.
- Por favor, Doug deixe sua mãe sair- Albert se aproximou dele,
estava há menos de cinco passos do rapaz.
Pode sentir um cheiro do qual jamais iria esquecer em toda sua vida,
uma mistura de carne podre, com o cheiro ferroso de sangue.
- Doug, ela precis...
Mal ele teve tempo de terminar, Doug jogara-se encima dele e agora
gritava e grunhia com uma altura incrível.
Amanda gritou quando Albert alvejou Doug, fazendo uma segunda
mancha de sangue na parede. Ele jogou o corpo inerte de Doug para o
lado, bem em tempo de ver a porta do quarto se abrir e Amanda entrar
correndo no quarto, segundos depois ela gritava novamente.
- Me desculpe- disse ele algum tempo depois.
Amanda permaneceu quieta.
- Eu juro que...
- Não foi sua culpa- interrompeu ela, suspirou profundamente-
o que faremos agora?
Amanda se levantou do sofá, e caminhou até a janela, o movimento
nas ruas estava ficando cada vez mais intenso.
- Eu tenho que ir até a delegacia, com todos esses... Problemas,
eles precisam de mim...
- Mas e eu? -disse ela correndo até ele, ansiosa -você vai me
deixar aqui?
Albert suspirou, olhando pela janela, de onde se podiam ver pessoas
correndo, carros saindo as presas de casa e gritos distantes.
- Eu não posso te deixar aqui... Você vai ter que vir comigo, é
seguro na delegacia...
- Como você sabe? -indagou ela misteriosa.
Albert não respondeu, abriu a porta e tentou caminhar tranqüilamente
em meio a confusão até sua casa.
- ALBERT!- alguém gritou do outro lado da rua.
Era Ruth, sua vizinha, estava toda ensangüentada e usava o roupão
ainda.
- Por favor, você tem que nos ajudar... É o Ben, ele está muito
mal... Ele...
Ela parou por um instante. Todos olharam para a porta da casa de
onde ela havia saído, Ben estava parado ali, olhando a sua volta como se
estivesse saindo para um novo mundo. De repente, ele os viu, e gritando e
rosnando correu até eles.
Albert fez menção de pegar a arma que estava presa em seu sinto
por dentro da calça, mas a mão de Amanda o conteve.
- Não... Por favor, vamos dar o fora daqui... Rápido...
Ele olhou para ela. Era verdade, o que ele iria fazer agora, atirar em
Ben assim como fez com Doug e sua mãe? E o que todos iriam fazer
depois disso? Era assim que Ruth queria que ele lhe ajudasse?
Ben jogou-se sobre Ruth e começou a ataca-la. Ela gritava e se
esperneava.
- Vamos Albert... Não há o que você possa fazer... Se ajudar ela,
vai ter que ajudar todos!
Albert olhou para a esquina de relance, mas seu olhar logo voltou
para lá. Correndo rua abaixo estavam algumas pessoas, todas pareciam
estar do mesmo modo que Ben e Doug, totalmente descontroladas. Uma
delas viu bem e Amanda, parados no gramado diante da casa, totalmente
vulneráveis, imediatamente o grupo também os percebeu, e logo mudaram
de direção.
- Vamos! -gritou Amanda puxando o braço de Albert.
Eles atravessaram a rua correndo, sem nem ao menos perceber que
Ruth ainda estava debaixo de seu marido, que a arranhava e arrancava
alguns pedaços de pele com a boca, enquanto ela gritava
descontroladamente.
Albert abriu a porta e os dois pularam para dentro, ele conseguiu
fechar as trancas bem em tempo de a porta começar a ser esmurrada.
- Onde está seu carro!- gritou Amanda.
- Na garagem, vá para lá...Eu vou pegar as chaves...
Ele correu até seu quarto, e rapidamente agarrou as chaves que
estavam encima de sua mesa-de-cabeceira.
- Certo, ponha o cinto- disse ele ao entrar no carro.
Amanda fez o que ele pediu com rapidez. Ela tomou a liberdade de
apertar o botão do controle, acionando a porta da garagem. A porta se
levantou com um ruído metálico, e do lado de fora o grupo que por ora
estava batendo na porta da casa, resolveu mudar de opinião. Albert
acelerou, e sem pestanejar saiu da garagem sem olhar para trás, Amanda
gritou quando viu que o carro havia passado sobre alguém.
- MEU DEUS!
Albert não ligou, fez a volta com extrema rapidez e arrancou com o
carro rumo a delegacia, desviando aqui e ali de carros capotados, pessoas
feridas e algumas outras que tentavam fazer o carro parar para dar-lhes
ajuda.
A Estação Policial de Los Angeles é um prédio de quatro andares
superiores e mais dois subterrâneos que são usados como
estacionamento. Com fachada de tijolos vermelhos e janelas bem amplas,
uma grande escadaria ladeada de postes de luz do século passado leva os
visitantes a uma grande porta de carvalho que durante o dia permanece
aberta. A cidade estava um caos, pessoas andavam desnorteadas pelas
ruas, e aquelas que estavam contaminadas corriam atrás dos poucos
normais ao longe, gritos ecoavam pelo local munido do som de tiros e
explosões distantes. As poucas ruas vazias encontravam-se bloqueadas,
ou por carros pegando fogo ou por ônibus e caminhões tombados.
Amanda gritou alto quando viu um ônibus parado no acostamento da
Avenida Principal, pessoas dentro dele gritavam pois pareciam estar sendo
atacadas pelo motorista e encontravam-se encurraladas no corredor
interno. Ao que tudo indicava, o veículo havia sofrido um acidente, pois
tinha sua parte frontal amassada.
Albert estacionou o carro em frente a delegacia, que parecia estar
um caos. Eles subiram a escadaria correndo e quando entraram um
homem baixo e corpulento correu até Albert.
- ALBERT! -gritou ele o que você faz aqui?
- Eu vim ajudar ,senhor.
- Ajudar o que?
- Vocês, a cidade está um caos...
- Ah disse o homem coçando o queixo você não estava aqui
quando eu falei a todos não é?
- Acabamos de chegar.
- Não há mais serviço...
- Como assim?
- O que nós vamos fazer agora, é fechar o prédio e ajudar as
pessoas a se dirigirem a um abrigo militar.
- Eu posso ajudar?- perguntou Albert receoso.
O homem fez sinal para eles o seguirem.
A sala estava abafada, as janelas encontravam-se fechadas e
trancadas. Albert entrou na frente e se sentou em frente à mesa, Amanda
fez o mesmo.
- Albert... chamou -ela receosa.
- Espere -disse ele impaciente- nós já vamos...
- Albert -disse o homem se sentando em frente a eles- não posso
mentir para você...
Ela parou durante alguns segundos. O silêncio entre eles era
rompido apenas pelo som de pessoas gritando nas ruas, sirenes e o som
de explosões.
- Você é um dos meus melhores policiais...
- Malcon, então deixe-me ajudar...
- Você vai ajudar- interrompeu Malcon- mas não aqui...
Malcon se curvou e abriu uma gaveta em sua mesa, pegou algo e o
colocou no bolso rapidamente. Logo voltou a falar.
- A situação na cidade está crítica... Quase todos os policiais que
mandamos não voltaram, e os que voltaram estão gravemente
feridos... Portanto, eu quero que você vá... Ajudar os
necessitados... Mas não aqui, você vai pegar uma viatura e vai até
Harbor Gateway, é onde o exército montou o abrigo de
refugiados.
- Mas e eu? protestou Amanda.
- Acho que ela pode ir junto apressou-se em -dizer Malcon, ele
pôs a mão no bolso em que acabara de pegar algo e entregou a
Albert, era uma chave- tome, pegue uma viatura e vá o mais
rápido possível.
- Obrigado- disse Albert pegando a chave e levantando-se.
- Acho bom você levar algumas armas também- disse Malcon
quando eles saiam da sala.
- Sim, senhor.
A rodovia 405 não estava totalmente vazia, ao longe haviam alguns
carros distantes fazendo viagens as pressas, de quando em quando eles
passavam por carros parados no acostamento soltando fumaça pelo
motor. No todo, ali aprecia um local normal, apesar de tudo que estava
acontecendo na cidade.
- Vamos ligar o rádio- disse Albert.
- Não, o rádio da policia não- disse Amanda contendo a mão dele
ligue o rádio normal... De que adianta ouvir o chamado de
policiais?
- Você tem razão...
- Coloque na CWN.
O rádio velho do carro chiou durante alguns segundos, até que
finalmente sintonizou.
- ... Estamos no centro da cidade, e aqui está um caos... As
pessoas estão em pânico, quando finalmente seus parentes
feridos morreram em hospitais da área. Horas depois eles
levantaram das macas e começaram a atacar todos... Dois
hospitais estão fora de controle...
- O que você acha que é isso?- perguntou ela de repente.
- Não faço a menor idéia.
O tempo passou e eles só podiam ver a cidade distante e as árvores
passando velozes rente a estrada. Estavam chegando.
- Aqui está meio vazio não é? - disse Amanda.
Era verdade, fazia muito tempo que eles não viam um carro ou algo
parecido passar por eles. No rádio a voz calma de uma repórter voltou a
falar.
- Estamos falando ao vivo do abrigo para sobreviventes montado
pelo exército, vou conversar com o Coronel David Thomas....
Senhor, o que as pessoas devem fazer para chegar até aqui?
Bom, em primeiro lugar você deve ficar em casa, tranque bem as
portas e janelas e ligue para o número 105, que nós iremos
resgata-lo Sim, e para as pessoas que se encontram na rua ou
longe de suas casas? Venha o mais rápido possível para
Granada Hills, montamos um Abrigo aqui e neste local você
estará seguro... Não tente ficar em nenhum outro lugar, eu repito,
não fique em nenhum outro lugar, venha direto para o abrigo em
Granada Hills
- O que?- sobressaltou-se Albert - ele disse que o abrigo fica em
Granada Hills?
- Acho que sim.
- Nós estamos indo para o lugar errado! Aquele cretino do Malcon
está nos mandando para longe!-Albert deu um soco no volante.
- Talvez essa seja a melhor idéia... comentou ela.
- Como assim?... O melhor que podemos fazer é ficar protegidos,
junto de outras pessoas, sobre vigilância militar.
Eles permaneceram em silêncio. Até que por fim, Amanda falou:
- Veja, acho que não somos os únicos que vieram para o lugar
errado -disse apontando para um caminhão que vinha distante
do lado oposto da rodovia.
- Ótimo... Vamos fazer a volta e ir junto com ele -disse Albert.
O caminhão se aproximava veloz. Roncando fumaça preta. Eles
estavam próximos e Albert mal teve tempo de virar o volante para fazer a
volta, o caminhão entrara em sua pista, estava na contra-mão.
- O que ele está fazendo?- murmurou Albert apertando a buzina
com toda a força.
- CUIDADO!- gritou Amanda segundos depois de o caminhão
descrever um suntuoso zique-zaque e investir contra eles.
O som metálico invadiu os ouvidos de Albert e ele sentiu um
solavanco forte. O carro rodopiou duas vezes e bateu na mureta de
proteção, saltando sobre ela e caindo em um barranco íngreme. O carro
desceu capotando ladeira abaixo, até que finalmente bateu em algo sólido
e eles pararam de cabeça para baixo. Albert mergulhou em uma imensidão
escura e calma, onde som nenhum vinha até ele.
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O cheiro forte de gasolina inundou seu nariz e ele acordou
assustado, lembrando-se de repente do que acabara de acontecer. Sua
cabeça doía, e alguns membros de seu corpo também, mas ao que tudo
indicava não era nada grave. Albert finalmente abriu os olhos e verificou o
estado das coisas a sua volta. O carro havia batido em uma árvore e
encontrava-se todo amassado e sujo de sangue, seu coração batia mais
forte, aquele sangue não era dele.
Ele teve que se conter para não entrar em choque, ao seu lado
estava Amanda, seu braço estava totalmente cortado, mas o que mais lhe
preocupava era o grave corte que ela tinha no tórax; este estava
praticamente aberto e com pedaços de ferro em seu interior. A cabeça da
garota estava enfiada em um pedaço do teto do carro que havia sido
arrancado. Amanda estava morta.
Ele tentou toca-la, averiguar se ela estava mesmo morta, mas não foi
necessário. A visão do crânio dela exposto do lado esquerdo o fez conterse.
Albert conseguiu abrir o porta-luvas e dali retirar a arma que havia
guardado antes de saírem. Então, com um grande esforço ele conseguiu
sair do carro avariado e arrastando-se deitou na grama olhando ladeira
acima. Seria uma grande subida e talvez desnecessária, pois mais abaixo
um amontoado de casas se abria, ao que indicava eles havia chegado em
Harbor Gateway.
Albert ficou de pé e começou a descer. Pouco tempo depois ele
havia chegado a um grande campo aberto, uma praça. O local estava
silencioso, talvez até demais. Ele atravessou a praça, olhando para os
lados receoso.
Quando finalmente chegou a uma pequena rua ele pode ouvir o som
de vozes, se aproximando cada vez mais:
- Tem certeza de que esse é o lado correto? -perguntava uma voz
feminina está tudo muito quieto.
- Ana, não se preocupe... -disse a voz de um homem.
Albert empunhou a arma, estava prestes a sair dali quando ele foi
abordado primeiro pelo grupo. Ele viu as sombras atrás de si e a voz do
homem que acabara de falar:
- Hei você, parado ai -disse ele com força- diga alguma coisa.
- Quem são vocês?- disse Albert se virando.
- Tudo bem, George -disse uma mulher loira ao lado dele, pondo a
mão no braço dele e fazendo-o abaixar a arma ele não é um
deles.
- Como você se chama? -perguntou outra, de cabelos castanhos.
- Wesker, Albert Wesker.
- Eu sou Cecile- disse a mulher apertando-lhe a mão- mas você
pode me chamar de Cissy, esse que acabou de lhe apontar a
arma é George, essa é Ana e aquele ali atrás é David Renddal.
Um homem grisalho atrás do grupo deu um leve aceno com a
cabeça.
- Então... -disse George -o que você faz aqui?
- Meu carro bateu, logo ali encima na rodovia... O carro desceu a
ladeira e acabou batendo numa árvore.
- Você estava sozinho? -perguntou Ana.
Albert ficou em silêncio por alguns instantes, a imagem de Amanda
sorrindo enquanto eles se encontravam na rua ou na panificadora lhe veio
a mente, seguida da visão da cabeça da garota totalmente aberta no carro.
- Me desculpe disse Ana envergonhada eu não devia ter...
- Ela era uma garota- disse ele olhando para o chão -a batida foi
muito forte, foi pura sorte eu ter sobrevivido.
- Ou azar -disse Renddal misterioso.
- Em todo caso -disse Albert de repente, rompendo o silêncio que
as palavras de Renddal haviam provocado a todos- eu estou
indo até o abrigo em Granada Hills.
- Não- disse Cissy de repente como se tivesse levado um choque-
Granada Hills já era...
- Ela tem razão, cara- disse George- ela veio de lá... Está tudo
um caos...
- O lugar foi atacado -disse ela- a segurança deles não era lá das
muito fortes...
- O que faremos agora?- perguntou Albert passando a mão na
testa secando o suor, desolado.
- Estamos indo pro shopping... -disse George começando a
caminhar- venha conosco... Não é provável que você dure muito
sozinho.
Eles seguiram George, e enquanto Renddal passava por Albert ele
murmurou:
- Nós éramos em doze...
Albert juntou-se a eles.
O estacionamento do local estava quase deserto, a não ser por
alguns poucos carros estacionados em alguns poucos pontos, três, Albert
contou. Eles caminharam até a porta de entrada, onde um grande letreiro
de ferro dizia em letras garrafais:
FASHION ISLAND MALL
George caminhou até a porta, decidido a entrar. Ele a forçou
algumas vezes, sem sucesso.
- Ela está trancada -comentou Ana.
- É -disse ele rabugento- eu sei...
- Vamos tentar a porta dos fundos -disse Albert fazendo sinal para
todos o seguirem.
Enquanto eles caminhavam até os fundos do monumental shopping,
Cissy correu até ele:
- Hei -disse ela -de onde você é?
- Lake Balboa.
- Nós já não nos vimos antes?
- Não que eu me lembre.
- Hum... Eu sou de Porter Ranch disse ela olhando para baixo
fica ao lado de Granada Hills... Eu vi tudo acontecer, o que você
faz da vida?
- Eu sou policial.
- Hum... Isso deve ser legal.
- Não- disse ele amargo- não é não.
Eles ficaram em silêncio, até que por fim ela falou:
- Eu tenho uma loja de artesanato, perto da minha casa... Ela ... Ela
era realmente legal.
Eles finalmente haviam chegado aos fundos do shopping, uma porta
de ferro com os dizeres : PERMITIDO SOMENTE A PESSOAL
AUTORIZADO, impresso no alto. George forçou a porta, estava trancada.
- Como vamos fazer para entrar ?- perguntou Renddal.
Mal Albert não teve tempo para responder tal pergunta. O grito de
uma mulher atingiu os ouvidos de todos, eles se viraram e viram uma
mulher alta carregando uma garotinha no colo, ela corria
desesperadamente com um homem tentando ajuda-la a carregar a garota,
que pulou para seus braços.
- SOCORRO!- a mulher gritou ao vê-los.
- Porque ela estava gritando? -perguntou Renddal assustado.
Sua pergunta nem precisou ser respondida. Logo atrás deles, um
grupo de pessoas contaminadas tentava alcança-los.
- RÁPIDO -gritou George -abra a porta, esses idiotas estão
trazendo essas coisas pra cá!
Albert tirou a arma do bolso e atirou contra a maçaneta da porta, que
estourou em pedaços de ferro retorcido com um estrondo alto.
- Vamos -gritou George entrando pela porta correndo.
- NÃO! -disse Cissy agarrando a mão de Albert, deixando
transparecer pela primeira vez seu sotaque inglês- eles precisam
da nossa ajuda!
Albert permaneceu calado por alguns instantes, até que finalmente
ele levantou a arma na direção da mulher que corria.
- O que você vai fazer?
Ele atirou contra a mulher, que gritou o mais alto que pode, unida
aos gritos de desespero de Cissy ao ver tal cena.
A mulher se levantou, ainda tremendo, atrás dela um dos
contaminados acabara de cair no chão, com uma bala certeira em sua
cabeça. Cissy olhou para Albert, com um brilho nos olhos.
- Obrigada- ela disse aliviada.
Os três chegaram a porta, aliviados, a garotinha chorando de medo.
- Que Deus o abençoe- disse o homem para Albert enquanto
Renddal os ajudava a entrar pela porta.
- Rápido -disse Albert para todos.
Eles entraram porta adentro.
- Como vamos fechar a porta? perguntou Ana assustada.
- Assim - disse Cissy trancando a porta pelo lado de dentro
existe outra tranca na porta, separada da maçaneta.
Segundos depois, eles ouviram o som de murros, socos e pontapés
contra a porta que tremia de leve.
- Vamos-disse Albert os conduzindo para dentro.
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PROPAGANDA
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- Muito obrigada-disse a mulher para Albert- como você se
chama?
- Albert.
Ela o abraçou com força.
- Muito obrigada, Albert.
- É, muito obrigado por nos ajudar -disse o homem com a filha no
colo- eu me chamo Ethan, e está é nossa filha, Emily.
Eles pararam perto de uma grande fonte, que jorrava água sobre o
nome do shopping. Após se apresentarem, eles se sentaram.
- Certo, precisamos saber se aquelas coisas não estão aqui dentro
do shopping- disse George olhando para todos, fazendo o
máximo de esforço para não olhar para Ethan.
- Podemos nos dividir em grupos sugeriu Ana.
- Eu não vou a lugar nenhum -protestou Ethan- não deixarei
minha esposa e filha sozinhas.
- Você, Lily e Emily ficam aqui-disse Albert- alguém pode ficar
com eles?
Renddal ergueu a mão.
- Certo, Renddal, fique com eles... Qualquer problema, grite!
Eles se dividiram em dois grupos, uma mulher e um homem em cada
grupo. Albert ficou com Cissy e George com Ana.
- O.K.- disse George -antes de eles saírem nós vamos procurar
aquelas coisas malditas, e se não acharmos voltamos para cá...
Vamos achar um lugar para ficar até o resgate nos achar.
Todos concordaram e partiram. Deixando para Trás, Renddal, Lily,
Ethan e Emily sentados na fonte.
Ana e George caminhavam por um corredor vazio, ao lado deles
uma vitrine elegante contendo casacos de couro se mostrava trancada e
mal iluminada. Quando eles passaram perto da escada rolante, que levava
ao primeiro piso, Ana se sobressaltou.
- O que foi? -perguntou George empunhando a arma.
- Eu acho que tem alguma coisa lá embaixo- disse ela receosa.
- Você acha que é um deles?
- Eu acho que sim, o que vamos fazer?
George soltou a trava de segurança da arma.
- Vamos lá mata-lo.
Os dois desceram as escadas, George na frente, com a arma
sempre preparada para alguma eventualidade, e Ana atrás, temendo por
suas vidas.
- Mamãe- chamou Emily eu preciso ir no banheiro.
- Deixa que eu levo -ela disse Ethan.
- Não, eu mesma levo...
- Vocês não podem sair daqui disse Renddal.
- Você pode agüentar filinha.?
Emily balançou negativamente a cabeça.
- Eu vou ter que ir... Tem um banheiro logo ali na frente disse ela
se levantando eu não vou demorar.
- Mas Lily?
- Ethan... O banheiro é ali! Não precisa se preocupar... Se aquelas
pessoas estivessem aqui já teríamos os ouvido.
- É o que você acha mesmo? Não se lembra do que ouve lá em
casa?
Lily fingiu que não ouviu, pegou a filha pela mão e juntar elas
caminharam até o banheiro.
- Mamãe, está doendo...-protestou a garota após ter saído do
box.
- Deixe eu ver - disse ela pegando a filha no colo e a colocando
sentada na pia.
Lily levantou a manga da blusa da filha, deixando a mostra o braço
branco da garota, e logo acima da junção do cotovelo uma grande marca
vermelha, na forma de uma mordida, estava começando a ficar um pouco
roxa envolta.
- Tudo bem querida... Logo vai sarar ela- disse sorrindo para
Emily.
- Está doendo... Está ardendo.
Lily abraçou a filha.
- Vai passar logo... Eu prometo.